domingo, 28 de março de 2010

Desatando o nó: “Quando fiz dos sujeitos, objetos” - ata 25/03

Sob a voz e violão de José Domingos cantarolando as canções Cidadão, composição de Zé Geraldo, e Como uma onda no mar, de Lulu Santos, com o coro dos colegas , iniciamos mais um encontro do FEP. A pauta do dia era a discussão em torno do seguinte Nó: Quando fiz dos sujeitos, objetos, inquietação trazida por Verônica.
Inicialmente, a discussão ronda em torno do tema sobre biografia e narrativas biográficas, no qual Rosane explana sobre as suas experiências sobre narrativas fílmicas direcionadas para o “ser professor” e, mais precisamente, para o contexto do “ser cidadão tapiramutense”. Em seguida, Verônica fala de suas experiências na leitura de Memoriais, os quais foram os instrumentos para sua pesquisa de mestrado baseada na temática sobre experiências formativas. Com isso, a mesma desabafa quão difícil foi “encontrar” uma metodologia adequada para fazer tal análise, visto que, das inúmeras pesquisas feitas, foi muito complexo localizar referencial metodológico para o diagnóstico dos documentos. Outro nó encontrado foi o rigor da pesquisa. Com isso, ela optou em analisar trechos/ transcrições e excertos dos textos, algo que a mesma chama de Eixo de Análise, através de cortes das narrativas para um estudo mais minucioso e doloroso (palavras da pesquisadora) em prol do discernimento, dos olhos de quem pesquisa em detrimento do olhar de partícipe. Logo, a pesquisa requer um rigor bem definido para que não se deixe levar pela ideologia do investigador, o “tomar partido”. Para isso, foi preciso realizar uma investigação mais profunda, com leituras individuais de cada memorial, de acordo com o contexto de cada um, bem como, a história narrada de cada cursista, sendo extremamente cautelosa para não “quebrar” esta conjuntura. Outra dificuldade encontrada foi selecionar dentre os 38 memoriais, aqueles que seriam de fato os tidos como sujeito/objeto (?) da pesquisa e após diversos questionamentos, selecionou 12. Realizar essa análise minuciosa, para identificar e separar as reflexões das descrições em demasia encontradas em um memorial foi tarefa muito complexa, algo que a fez dialogar, e muitas vezes discutir, mentalmente com Morin.

Após o desabafo e da explanação do percurso investigativo de Verônica, Marcelo a questionou quanto à negação ao positivismo, mas que tinha certo pudor em fazê-lo.No entanto, a posição assumida por ela era de questionamento das bases do positivismo na melhor qualidade. Ele expôs a dificuldade em dar uma objetividade em algo que é tão subjetivo e acha difícil encontrar “o que está por trás”, pois o pesquisador só irá deparar-se com relatos, que são o próprio objeto, que por si só é manifesto subjetivo. Evidencia que existe todo um momento contextual para aquela escrita, naquele exato período. Pergunta-se então: será que só se estuda o que está sendo revelado? E o que não foi desvendado? Deve-se explicitar o velado? Como sugestão, pode-se indicar na pesquisa que houve “coisas” que foram eleitas, mas que não foram expostas.
Ao fazer uma comparação dessa discussão com a análise de relatos de dados históricos, Denise diz que na mesma ocorre a interpretação das informações de acordo com o contexto do acontecido fato. Com isso, Rose nos traz a importância da fenomenologia que é ver o fenômeno no seu acontecer, no escuro ou “opaco”. Existe uma verdade naquilo ali e outras vão sendo reveladas processualmente, algo que acontecerá sempre. Joselita expõe, diante da fala de Verônica, que não houve a quebra da investigação, pois a mesma já tinha sua finalidade e rigor definidos, mesmo a pesquisadora muitas vezes não sentindo-se completa nisso ou não o identificando. Silvana explana sobre a Análise de Discurso, que não ocorre a priori, mas sim, que a condição de produção de significado é algo mutável, citando os estudo de Foucault e Bathkin. Faz menção ao estudo do memorial como um gênero da linguagem, partindo do ponto da lingüística e da polissemia, relatando que o discurso é criado no meio social. Com isso, também faz a associação com a história quando se busca o contexto como condição de produção. Por mais que os gêneros sejam diferenciados, eles se interpenetram. Gilmara então levanta uma questão: A paranóia do pesquisador em querer revelar tudo, mas que não existe uma verdade absoluta, em que é inevitável não ser neutro, comentário este abraçado por todos da sala.
Rose então sugere que mais um nó seja desatado em outra reunião, onde a discussão paire na temática de análise de discurso e na área de lingüística, para uma melhor compreensão na analise do sujeito.

 Estiveram presentes: Verônica, Roseli, Rosane, Clivio, Isis, Denise, Gilmara, Joselita, Silvana, Ivana, José, Tuca, Marcelo e Jozimar. Encerramos a reunião com mais um playlist de José Domingos na canção Terceira lâmina de Zé Ramalho.

Lembremos que não teremos encontro na próxima quinta primeiro de abril (é verdade!) e que o próximo encontro será 08/04 com a discussão sobre o evento Seminário SEMFEP, até lá!

quarta-feira, 24 de março de 2010

A pouca realidade, Ferreira Gullar, ata reunião 18/03/10 -


A discussão do dia – e que discussão! - foi sobre o artigo “A pouca realidade” de Ferreira Gullar que teve como pano de fundo, slides das obras de arte mencionadas no texto, trazidos por Paulinha. Comentamos sobre a apreciação e o sentido da arte e principalmente a sua definição. Tuca nos traz que Gullar fala da arte defendendo o "belo", e nós, tentando ampliar a idéia de arte, lembramos de Feyerabend "tudo vale, mas não vale tudo". Marcelo diz que a arte é quem faz arte. Já Gilmara diz que o autor diferencia que é a reprodução da realidade, já que a arte é a representação e passa pelos dados simbólicos. Seria a realidade a partir do olhar do artista, pois, já passou pelo seu campo de observação. Paulinha incrementa dizendo que a percepção muda quando a realidade sai do seu cotidiano e vai para um lugar que a destaca. Então Geovana nos diz que é diferente devido ao tipo de linguagem utilizada e exemplifica ao mencionar que uma coisa é a seca do Nordeste, outra coisa é um documentário sobre ela.  Marcelo então provoca: publicidade é arte? E defende que não, porque não tem a intenção artística, só cunho comercial.  Tuca então ampara, seguidos por outros colegas da sala, que o merchandising pode ser arte sim. Logo surge outra provocação: E o artista que produz para vender é um artista menor?  Gilmara então lança um trocadilho: “artista plástico e artista de plástico!”. Em meio às discussões, alguém lança que o ineditismo vira arte devido à autenticidade. Tuca rebate: Depende do ponto de vista do espectador... Arte não precisa ser entendida- diz Geovana. Intencionalidade de fazer arte é expressá-la de outra forma? Gilmara: E a experiência estética que você vai ter daquilo?  Tuca: Tudo que me emociona/ me toca é arte pra mim. Alguém dispara: então, se tem fins mercadológicos, não é arte?   Marcelo então compara um cineasta com um produtor executivo de filmes e Gilmara cita as bordadeiras que muitas vezes tem um comprador de seu artesanato para revender mundo a fora. E surge outro questionamento: artesanato é arte? Narciso lança: o próprio nome já diz ARTEsanato! Ivana comenta de um texto que fala do artigo de Gullar e menciona a exposição das cartas de Sophie Calle (confira aqui
Além desses, inúmeros pontos foram discutidos como: ninguém pode definir o que é arte e o que não é; O artista faz arte para se expressar?; Quem é que define arte? ;  Onde a arte é mais arte? Na intenção do artista ou no efeito que ele provoca nas pessoas?  Por fim, muitos concordam que não é algo para ser racionalizado.
Para encerrar, tivemos o playlist com as músicas: Bienal de Zeca Baleiro – que retrata a temática da reunião – e Um índio de Caetano Veloso, sugeridas por Marcelo, que finalizou: sempre está ali, mas a diferença é quando alguém revela. 

Participaram da discussão: Tuca, Paulinha, Marcelo, Isis, Denise, Geovana, Narciso, Gilmara, Ivana, José, Silvana, Nubia, Joselita, Maiza, Ivan e Jozimar.    
Próximo encontro, 25/03, discutiremos o primeiro nó: “Quando fiz dos sujeitos, objetos” e teremos o playlist de José Domingos ao violão.
Até lá!    

  Confira abaixo as pinturas mencionadas no artigo de Gullar!

terça-feira, 23 de março de 2010

Defesa Dissertação de Mestrado

Repassando o convite de Verônica.
Desejamos uma  boa defesa e de antemão,
parabéns Mestra!

segunda-feira, 22 de março de 2010

Primeira reunião anual, ata reunião 11/03/10

    Iniciamos nossa reunião de 2010 com a apresentação dos integrantes da equipe FEP, bem como, dos novos colegas que acompanharão nossos encontros semanais. Manifestamos nossas expectativas para as próximas discussões e fizemos o planejamento do cronograma das reuniões de linha. Inez inicia destacando a importância de um grupo ter, não somente a sua identidade, mas sim, segundo Maffesoli, as identificações em curso. Com isso, Marcelo elenca o valor da capacidade de registro de nossas discussões para termos um histórico das atas e textos, para pesquisas reincidentes e futuras investigações.   Retoma-se então, a criação do blog do grupo e um possível registro no moodle para expandir nossa socialização virtual, para além da lista de discussões.
              Além disso, outra forma de identidade da linha que foi discutida em 2009 foi a reunião de artigos dos membros com a criação da revista do FEP e um livro. Com isso, a equipe retoma esse projeto fazendo-se necessário uma revisão ortográfica (possivelmente para Rutildes) bem como, o envio de artigos daqueles que ainda não o fizeram.  Foi estipulado o prazo para envio até o dia 08/04/10 e o lançamento do Caderno temático na abertura do Seminário de Formação de Professores – SEMFEP- que tem previsão para primeira quinzena de agosto.
               Quanto aos encontros semanais, continuaremos todas as quintas das 14 às 16h e teremos, a cada semana, uma metodologia diferente como discussões teóricas de artigos (Inez sugere que os mesmos sejam curtos para que todos possam ler e participar); Rinha Acadêmica (serão 2 convidados: possivelmente alguém “de fora” e um membro da equipe que discursarão sobre determinado tema que gere discussões e idéias antagônicas -ou não- para apimentar ainda mais a rinha); Os “Nós” (sugerido por Marcelo para que os membros tragam seus “nós”, suas inquietações e complexidades surgidas  em suas pesquisas,  para serem desatados com a ajuda dos membros do FEP) e por fim, a Discussão sobre o SEMFEP (planejamento e organização do evento).
Seguem pautas dos próximos encontros:
(Playlist: Marcelo)
25/03: Nó: “Quando eu fiz dos sujeitos, objetos”
(Nó sugerido por Verônica)
01/04-SEMANA SANTA
08/04: Discussão do seminário
15/04: Rinha: INEZ X TUCA
Estiveram presentes: Paulinha, Inez, Rosane, Ivana, Maiza, Gilmaria, Ieda, Isis, Marcelo, Tuca, Verônica, Geovana, Claudia, José Domingos, Joselita, Maria Elizabete, Tania, Eliane, Isa e Jorge Val. Aos novos colegas, sejam bem-vindos!  
Enfim, desejamos um ótimo semestre recheado de muitas ideias e discussões enriquecedoras.  
Até o próximo encontro!

Equipe FEP

Programação e produções Fepeanas - Relato 01/10/09

Olá meu povo,

Hoje, sou o relator da nossa reunião! Se Rose estava preocupada em preservar a graciosidade de tal tarefa em nome de Renata, imaginem eu! Todo bruto! rsrsrs...

Vamos ao relato!

Na reunião de hoje, estava prevista a presença de Maurício Mogilka para saciar/alimentar nossas provocações a respeito das contribuições deweyanas sobre experiência. No entanto, o mesmo não pode comparecer, remarcando a sua presença para a próxima semana. Diante da situação, a partir das provocações feitas por Verônica, resolvemos discutir a organização do grupo FEP no que diz respeito à articulação entre os membros do grupo visando a produção.

Discutimos, primeiramente, sobre o site do grupo de pesquisa e ficou confirmado a apresentação dos esboços do site para o dia 15/10/09; responsáveis: Clívio, Ivana e Paulinha. Ainda sobre o site, o grupo firmou o compromisso de pesquisar e enviar links de variados grupos de pesquisas pra nos ajudar com o desenvolvimento dos esboços.

A equipe discutiu também sobre o livro " Formação e..." que foi (ou está) sendo organizado por Marcelo e Catarina e algumas dúvidas surgiram: Conteúdo do livro (se ainda existe espaço para artigos); Temática e etc. Sugerimos, então, que Marcelo disponibilizasse os artigos que já estão prontos para o livro na lista do grupo para nos mobilizarmos a respeito. Ainda sobre este assunto, surge a idéia do grupo assumir uma edição temática da revista da FACED, caso não tenhamos edital de publicação de livros.

Gilmara e Paulinha, tomadas pela animação das discussões (rsrs..), comentaram também sobre a possibilidade do grupo se mobilizar também para o evento em Portugal!!!

Rose Chegou!!! rsrsrs...

E já chegou alertando que o desenvolvimento e manutenção do site deve garantir visibilidade ao grupo de pesquisa. Propomos então, a princípio, colocar um link do site do grupo na página da FACED, para que as pessoas que visitarem a página do PPGE e suas linhas de pesquisa fossem encaminhadas à página do FEP.

Verônica vai ao quadro (depois de um dia de aula...Palavras da própria...rsrs...) e iniciamos a (re)organização do calendário para o final do semestre. (Re)organização, pois, concordamos que a dinâmica adotada não está funcionando muito bem. O calendário proposto ficou da seguinte forma:

08/10 - Maurício Mogilka

15/10 - Esboço do site do grupo de pesquisa (Clívio, Ivana e Paulinha); Posição de tuca sobre a revista da FACED (informações a respeito da publicação dos artigos do grupo); Painel temático sobre experiência (integrantes do grupo que trabalham com este tema em suas pesquisas).

22/10 - Apresentaremos a proposta de evento do grupo FEP; Apresentação de Projeto de Ieda.
29/10 - Experiência Estética em Jauss (Rosane)
05/11 - Apresentação de trabalho (Joselita) obs: Joselita ficou de confirmar...
12/11 - Apresentação de trabalho (Narciso)
19/11 - Apresentação de trabalho (O grupo sugeriu Marcea, mas ainda não confirmamos com ela)
26/11 - Apresentação de trabalho (O grupo sugeriu Marcelo, mas ainda não confirmamos com ele)
03/12 - Confraternização.

Para finalizar sem culpa de ter esquecido algo importante, Morin:

"Todas as percepções são, ao mesmo tempo, traduções e reconstruções cerebrais com base em estímulos ou sinais captados e codificados pelos sentidos. Daí resultam, sabemos bem, os inúmeros erros de percepção que nos vêm dos nossos sentidos e dentre eles, o mais confiável, o da visão."

Beijos e abraços,

Clívio Pimentel Júnior

Experiência de Dewey - Ata 24/09/2009

Estiveram presentes hoje Tininha, Narciso, Paulinha, Fabio, Marcelo, Maiza, Vanessa, Roseli.

Muitas ausências, não? Quase todas justificadas, é bem verdade, mas apesar da qualidade de nossas discussões, sentimos falta de todas/os e chamamos pra pensar no andamento de nossos encontros.

Mas, vamos ao relato. Infelizmente nossa Renatinha não pôde vir hoje, então cuidei eu mesma de fazer isso, correndo o risco de não dar conta do recado de forma tão graciosa.

Continuamos a discutir experiência a partir do texto de Dewey. Fabio puxou as falas questionando a noção de estética e assim fomos puxando interessantes discussões, das quais vão aqui alguns achados:

Experiência é qdo se age e se torna consciente das conseqüências (?), é qdo algo te muda. Ao realizar o experimento, ele retribui sua ação

O sentido não está em mim nem nas coisas, mas na experiência.

Se contrário, fica na essência

Vc faz alguma coisa e essa coisa faz algo a você

Só tem experiência se for significativa, se não for será vivência

Experiência nos leva para o imponderável

Experiência pode ser intencional?

A busca por ela, sim

Ao interpretar a passagem da rolagem das pedras apresentada por Dewey, veio a idéia de que na formação ou no curso das experiências, pensa-se um “alvo” imóvel (seriam as intenções, os objetivos?), mas a experiência se constrói na movência, na errância.

Nesse ponto, Marcelo sugeriu a leitura do poema de Constantino Kabvafis, Ítaca e seguimos nossas discussões, tentando ter uma experiência!

Narciso ainda nos brindou com formulações da linguagem matemática, ou seja, traduziu matematicamente o pensamento de Dewey, para discutir conceitos de acumulação, imanência, experiência encontrados no texto.

Tininha declarou que o texto em estudo não está diretamente ligado a seu objeto de estudos, mas poderá proporcionar experiências.

Viram? Tivemos uma rica discussão. Tivemos experiências?

Marcelo vai entrar em contato com Marcelo Mogilka para agendar o encontro da próxima semana. Até lá. Lembrem-se que para nossos encontros buscamos a totalidade! Bjs. R

Hermenêutica e pesquisa em educação - Ata 07/08/09

Ao som de "Como nossos pais" interpretada por Elis Regina, Iêda iniciou o playlist seguido por "Mulheres de Atenas" de Chico Buarque, finalizando com "Faz parte do meu show" de Cazuza.
Roseli inicia a apresentação falando de Hermes, o Deus mensageiro alado, descobridor da linguagem e da escrita, decifrador e cifrador representando uma figura ambígua com o dom da transmutação, fazendo alusão a imagem de "Exu".
Segundo seu conceito, a hermenêutica seria a arte de interpretar o sentido das palavras, leis e textos, principalmente a decifração e organização dos textos de valor histórico e sagrados (bíblicos), sendo assim, uma doutrina da arte de compreender, segundo Gadamer.
Através da sua triplicidade semântica (dizer, explicar e interpretar) ela nos traz a compreensão em detrimento do esclarecimento e de explicações definitivas. Com isso, traz a vida para a ciência pois, torna-se base da ciência de espírito, o que não está no plano natural. Segundo Heidegger, é o resgate da humanidade, a interpretação como algo estruturante do ser humano, ou seja, interpretar para compreender. Após a explanação, surgiram as provocações seguidas das discussões: "O que é interpretar?"(Verônica); "A interpretação precede a compreensão?"(Tininha); "Pode haver compreensão sem interpretação?"(Márcea); "O mundo já é em si interpretação o tempo todo!"(Marcelo).
Em seguida, Rose nos mostra que a hermenêutica está sendo mais utilizada como uma metodologia, pois as Ciências Humanas passaram a incorporá-la mais. Mais do que isso, segundo Rosane, é uma epistemologia, pois nas palavras de Heidegger: "a hermenêutica é/ou deveria ser a própria filosofia", o q ue foi seguido com uma ratificação enfática de Rose: "Filosofia é fazer hermenêutica!" .
Vimos ainda que a hermenêutica está em toda parte, pois faz com que o sujeito se direcione para prática social para a busca da compreensão e a traga de volta a seu mundo. Com isso, temos a idéia de que estamos a todo momento interpretando coisas.
Com a entrada da Antropologia, houve o enriquecimento da hermenêutica, o que traduz nos dias de hoje uma encruzilhada, fazendo com que todos os caminhos das Ciências Humanas passem pela Antropologia, o que traz um constante debate com outras disciplinas. Logo, em qualquer pesquisa antropológica , há um enfoque hermenêutico. Segundo o próprio Hermes, "o patrono da Antropologia é o Exu".
Através da idéia de compreensão do mundo, vê-se que a hermenêutica não pode ser vista com um enfoque unidisciplinar, pois representa a idéia do ser humano para compreender a maneira pela qual compreende. Surge então um questionamento de Rose: "por que hermenêutica de um currículo?", trazendo à tona discussões sobre currículo, seu fenômeno e processo complexo, que envolve o olhar por óticas distintas percorrendo os caminhos da itinerância e errância, levando-o a compreender por diferentes sistemas de referências e apreendê-lo mais globalmente. Ocasionando assim, na leitura através de linguagens distintas.
Já que "mestre não é quem ensina, mas quem de repente aprende", concluímos portanto que a hermenêutica possibilita a compreensão não por esclarecimento, mas por caminhos tortuosos e até ambíguos, tal qual ratifica a sua triplicidade semântica.

Cinema e literatutra - Ata 04/06/09

Após ouvir diversas canções, estilos de música e sugerir melodias, o playlist desse encontro teve "o dedinho" de várias pessoas do grupo. Na verdade foi um verdadeiro mosaico musical até chegar à escolha, no qual ouvimos desde bandas nacionais até os clássicos de trilhas sonoras de filmes, mas.... a música escolhida foi a da banda tipicamente pernambucana "Cordel do Fogo Encantado". Com seus batuques de maracatus e repiques de tambores a música ecoava pela sala da reunião, nos quais ressoaram mais que a própria voz do cantor, José Paes de Lira, o Lirinha, fazendo menção ao lirismo declamado nos seus poemas em meio a sua cantoria. Tal escolha da banda não foi à toa, pois a mesma surgiu num cenário que mesclavam representações teatrais com os espetáculos musicais. Como nosso bate-papo versa sobre contexto cinematográfico e literário, nada melhor para esse playlist que a música "Anjos caídos (ou A construção do Caos)", trilha sonora do filme "Deus é brasileiro" de Cacá Diegues.

Decorrido o playlist, Fernanda e Renata iniciaram a apresentação falando um pouco sobre o projeto Permanacer e a temática desse encontro, voltado para o universo literário, com a escolha do livro "Os 100 melhores contos brasileiros do século" onde o autor, Ítalo Mariconi, reuniu uma seleção de obras-primas dos mais renomados autores de nossa literatura, como Cecília Meireles, Drumond, Machado de Assis, Monteiro Lobato, Lima Barreto, Graciliano Ramos, Raquel de Queiroz, Clarice Lispecto, Rubens Fonseca dentre outros gênios literários . Tais narrativas remontam épocas e temáticas diversas, desde contos rurais, urbanos, modernos e pós-modernos, nos trazendo inquietações capazes de emocionar e por que não? divertir em meio a narrativas violentas, bucólicas e nostálgicas.

As meninas expuseram suas visões sobre os contos, que focam mais o universo adulto, por conter temáticas como violência, preconceito e morte, e encontraram assim, certa dificuldade na escolha do conto para apresentação ao público infantil, que acontecerá em Irecê, mas se decidiram pela narrativa de "Por um pé de feijão", do autor Antônio Torres.

Inez nos conta sobre a metodologia do Gelit, onde os cursistas fazem a leitura e a narrativa de contos, e quão interessante é essa abordagem feita pelas meninas, através de representação cênica. Em seguida, Fernanda nos mostra um breve sobre a vida e carreira de João Silvério Trevisan, autor do conto escolhido para representação do dia, "Dois corpos que caem". Neste conto, as meninas fizeram a leitura de um diálogo entre dois caras que se encontram no exato momento em que decidiram se suicidar, em plena queda de um dos mais altos prédios do país, no centro de São Paulo. Após apresentação, Paulinha expôs um comentário, abraçado pelos demais que ali estavam, ao dizer que a encenação foi "simples, mas não simplória".

Em seguida, ouvimos um comentário sobre cinema e literatura de Júlio Pimentel, através da gravação de áudio pela Rádio Metrópole, seguidas das discussões do grupo acerca de crítica literária, a importância de se trocar idéias sobre isso, o que faz aumentar o repertório do dito crítico, hábitos de leitura, além da narrativa de contos; Outra questão levantada diz respeito ao não sufocamento da literatura por uma outra linguagem e que existem "n" maneiras de se representar e que a narração de contos é uma delas, o que não permite demasiada superioridade do teatro, pois a literatura tem suas características intrínsecas e marcantes, todavia é interessante e instigante para quem assiste, que o conto narrado apresente as variações de falas que sejam perceptíveis na voz que quem o faz, sem que para isso, a pessoa seja um exímio ator/atriz, mas que sobretudo "incorpore" naquele momento o que o personagem do conto transmite; Com isso, Verônica contou sobre a incerteza que a leitura de um conto comunica, pois acha complicado a sua dramatização, que já não é a mesma visão de criação do autor e sim de quem versa; Tininha complementa ao mencionar que "nosso corpo fala", principalmente quando um professor dá aula, o que norteia a comunicação, mas que também isso ocorre na literatura ao mencionar como exemplo Saramago, que ao escrever sem uma pontuação específica, tenta não induzir o leitor; Alguém acrescentou que ao narrar ou interpretar algo, é impossível você ser imparcial, já tem "um dedo seu ali"; Ísis reflete: "quando você está contando, já não pertence mais a você" e destaca a importância da linguagem oral. Com isso, Marcelo nos lembrou um programa apresentado por Paulo Autran onde este narrava diversos contos, logo representa diversos personagens, traçando assim um "link" com a dramaturgia, ao fazer uma chamada enfática no final, "vamos ao teatro!"; Iêda nos lança um testemunhal com trabalhos que realiza na sua cidade, com seus alunos intitulado "Saco de leitura" e que a atividade ameniza a ausência de uma biblioteca no local, além de incentivar o hábito de leitura através de rodízios de livros entre os alunos. Inez lembrou com isso, que a grande intenção do Gelit é fazer com que os alunos e cursistas se tornem leitores mais assíduos desses gêneros literários, em especial o conto.

Lembrando que na próxima quinta será feriado, então, até o próximo encontro dia 18/06 sobre a obra "A elegância do ouriço" com Inez.

Abçs,

Ivana

Multirreferencialidade: convergências e possibilidades - Ata da reunião 30/04/09

A reunião iniciou com o playlist feito por Marcelo que nos apresentou três músicas: uma de Cartola que fazia referência a imanência, em seguida tocou uma canção de Caetano, Índio, na qual aborda sobre a construção do ser humano, que, segundo Marcelo, está em um dos últimos versos da música. E por fim, ouvimos Metáfora na voz de Gil, que faz menção a poesia e a ciência.
Após o playlist, Gilmara, através de slides, deu início a exposição sobre a temática de Multirreferencialidade. “A fragmentação do conhecimento em disciplina, não dá conta da compreensão mais abrangente do homem” com essa citação, ela comentou sobre a excessiva fragmentação e compartimentalização do ensino. Dessa forma, surgem como propostas de superação dos atuais currículos, tantos nas escolas quanto das IES, a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade. Ao falar da primeira, temos o conhecimento como algo inesgotável, que, na interação de um campo do conhecimento com o outro, ocorre a produção de novos saberes, o que fomenta e incita a abertura de diálogo. E na segunda, citamos Morin, “A idéia de que o conhecimento é limitado não passa de uma idéia limitada. A idéia de que o conhecimento é limitado tem conseqüências ilimitadas.” Assim, todo saber é válido, sem limites ou fronteiras, logo, a discussão emergiu com as crescentes provocações acerca da infinitude do conhecimento e como foi comentado no bate-papo “novos saberes batem á porta”.
Com isso, Marcea nos lembra o comercial da TIM, com o famoso slogan - Viver sem fronteiras – Porém, foi subitamente interrompida por Roseli, que desabafou: “A fronteira da TIM é em Tapiramutá!” rsrs.
Portanto, as propostas de superação de arcaicos (?), estanques e fragmentados currículos pela transdiciplinaridade e multirreferencialidade propõe um diálogo entre os diversos campos do saber.


Até a próxima reunião no dia 07/05 com Roseli e o tema hermenêutica.

EMERGÊNCIA- Ata da reunião de 23/04/09

Vamos emergir!!!

Com essa chamada, Inez deu início a nossa reunião....
O bate-papo se iniciou com a temática que teve como base o livro de Steven Johnson Emergência. Em entrevista ao jornal Folha, Johnson explica o seu conceito: Emergência é o que acontece quando várias entidades independentes de baixo nível conseguem criar uma organização de alto nível sem ter estratégia ou autoridade centralizada. Você pode perceber esse comportamento em várias escalas: na forma como colônias de formigas lidam com o complexo gerenciamento de tarefas sem que haja uma única formiga no comando ou na forma como bairros se formam sem um planejador urbano;
Em continuidade ao tema de Imanência, Inez trouxe à tona a questão do sujeito, através da citação de Foucault para reflexão "... alguns conflitos ideológicos que animam a polêmica atual opõem os fiéis descendentes do tempo aos decididos habitantes do espaço". Com isso, discutimos sobre o sujeito "descendente de um tempo" com alusão a TRANSCEDÊNCIA e o sujeito "habitante do espaço" fazendo menção ao processo de IMANÊNCIA. Em seguida, surgiu a pergunta: quem somos nos? Estamos mais voltados para essa linearidade dos acontecimentos planejados ou quem sabe realizamos atividades simples inconscientemente? Focamos o tempo pré-existente, o tempo presente ou um tempo futuro? Temos sempre a felicidade projetada como algo que está sempre "lá", e quando este "lá" é atingido, ocorre outra projeção futura, em busca de outra conquista. Essa relação tempoXespaço envolve o tempo como idéia de movimento e espaço como algo local, esse tempo cíclico pode ser negado nos tempos da modernidade, todavia nos é remetido no âmbito das datas tradicionais (São João, Páscoa...), é a vida vivida escolar.
Mas, qual a escola que queremos? Com essa pergunta, a discussão relacionou-se aos discursos pedagógicos e qual o real sentido da escola. Mesmo assim, muitos concordaram que estamos impregnados com essas teorias, todavia quando estas não são desse âmago e ocorre à quebra desses paradigmas, as pessoas ficam desnorteadas e descrentes. "O problema não é a contradição, o problema é a inconsistência" (Terezinha Froes), pois, ser inconsistente não é a aniquilar com sua posição, mas saber desconstruir ou reconstruir com assuntos coerentes. Sejamos mais críticos então, traçando os fios da rede da complexidade, em detrimento da previsibilidade linear, como defendem Foucault e Nietzche quando condenam a historicidade das coisas. O que aparenta é que perde-se o sentido de causa e efeito, tão comum entre as pessoas, mas isso só ocorre na teoria, pois não basta levantar causas para atender a demanda e alimentar a quantidade, deve-se trazer a complexidade no sentido neo-positivista, pois quando se mistura na rede, já torna-se o outro. Inez faz uma alusão a infinitude de Aleph no conto de Borges, ao mencionar que, de qualquer ângulo, podem-se ver todos os espaços na idéia de que tudo sempre está presente e que cada um tem visões diferentes das coisas, pois tudo está em tudo, formando um nó na rede. Esse bate-papo fomentou as percepções de cada um sobre a ótica de causa e efeito, o que trouxe para discussão a temática de Marx com as questões: -O trabalho modifica a sociedade?(Roseli); -Vivemos dos efeitos do passado (Marcelo); - Quando entra a dialética nisso?(Tuca) A dialética marxista é transcendental? (Luiza); --nessa, todos concordam!
Em seguida, todos leram um excerto do livro "Cidades invisíveis" de Ítalo Calvino, que narra contos e metáforas sobre cidades que recebem nomes de mulheres e a cidade escolhida foi Berenice. Nessa discussão, vimos que as coisas estão num quadro singular que muitas vezes não tem condição de se repetir, mas quando isso acontece, é sinal que elas emergem, não pela questão de causa e efeito, mas porque estão na rede e fugiu ao controle, logo, o que emerge é caótico, que ocorre não de forma precipitada (pré-existente), mas de maneira emergencial (formação) e essas atualizações trazem novas virtualizações e/ou concretidudes, tal qual a organização num formigueiro descrita por Johnson. Para finalizar, Inez comentou sobre a Pedagogia do A-CON-TECER, que tem a idéia de aproximar e entrelaçar o contemporâneo no processo de ensino-aprendizagem e citou a obra "Fim da modernidade" de Vattimo, relacionada a uma autonomia mais contida como se fosse uma ontologia fraca ou ainda fracamente novo. Enfim, não é somente a educação voltada para a formação do trabalhador e cidadão, mas, sobretudo, tornar-se gente. No encerramento, tivemos um playlist com Narciso ao violão embalando as canções Aquarela (Toquinho) e Segundo Sol (Nando Reis).

Até o próximo encontro,30/04
com Gilmara e o tema:Multirreferencialidade
abçs,
Ivana

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