quarta-feira, 26 de maio de 2010

Reunião do FEP 20/05/10 - Ata (Clique aqui para ver o texto de Monclar Valverde no Blog)

Na reunião do FEP do dia 20/05/10 foram discutidos dois textos: O fetiche da quantidade de Renato Mezan, sugerido por Paulinha e A mentira da cultura, de Monclar Valverde, texto sugerido por Clivio.


A reunião teve inicio depois de uma verdadeira querela com as caixas de som, que não funcionaram, fazendo com que usassemos o som do notebook mesmo. Foi a vez de Verônica tocar o PlayList. Ouvimos a música "Tudo" da banda mineira Pato fu, acompanhada por uma animação e também a música de marisa monte Apagaram Tudo

A discussão começou com o texto de Valverde, mas antes que esta fosse formalizada, Denise e Isis já discutiam políticas culturais, tombamento de manifestações imateriais e a cultura baiana na UTI; num diálogo paralelo rsrsrsrs...

Rosane achou que o problema apontado no texto era a espetacularização da cultura popular, Marcelo concordou e acrescentou que o que a elite elege como cultura logo é mercantilizado, é massificado para gerar lucro. Clívio apontou que, associado a esta espetacularização denunciada pelo autor, estava o "estancamento" das manifestações culturais em seus respectivos "lugares", desconsiderando a possibilidade de ascenção social e ampliação da participação no mercado de consumo. No entanto, Cívio questiona: será que existiu, na própria origem desses grupos culturais, a intenção de ascensão social?

Denise acreditava que o texto apontava para a descentralização de recursos promovida pelo governo Wagner, e o autor parecia estar desgostoso disso, falando de uma demonização da cultura de elite, que para ele é permanente, enquanto a popular é efêmera. Ora, ela lembrou, a cultura de elite é permanente porque ela é escolhida para ser preservada.

Rosane ao ouvir isso contrapôs essa afirmação, colocando que a política cultural do governo Wagner, para além da burocratização do acesso aos recursos destinados à cultura, criou o "fundo da cultura", facilitando o acesso às mais diversas manifestações que solicitassem apoio, sem precisar passar por um produtor, e etc. Termina exemplificando com o jazz, por exemplo, já foi muito marginalizado e hoje é idolatrado pela classe média dita culta. Clívio, então, retoma: "a cultura da elite, no meu entendimento do texto, se preserva, não por ter acesso mais fácil ao recurso nem por ser escolhida, mas porque trata as outras culturas com falsos aplausos e, contrapondo com Maturana, diz: "O Outro deve ser reconhecido como Legítimo Outro.”

Falou-se também da estagnação econômica das comunidades que preservam as suas manifestações. Elas são celebradas pelos discursos político, acadêmico e midíatico, contudo basta reinvindicarem outro tipo de participação (saúde, educação, trabalho) que logo são caladas pelo aparelho repressor dessa mesma sociedade que diz tê-las em alta conta.

Narciso aproveitou um momento mais calmo da reunião para introduzir a discussão do texto O fetiche da quantidade. Ele criticou os prazos e as cobranças exageradas de produção. Todos concordaram que os prazos são necessários, mas a obrigação de publicar muitos artigos leva a um comprometimento na qualidade do texto. Muitas vezes forçando o aluno a entrar em verdadeiras "cirandas" para aumentar seu número de publicações. Clívio, no entanto, diz que este discurso não pode ser adotado em sentido banal, levando aos estudandes a um imobilismo na produção, uma vez que, segundo ele, esta produção também se constitui num exercício de escrita da própria pesquisa. Diz, ainda, que as articulações entre membros de um mesmo grupo de pesquisa visando a publicação fortalece o mesmo, desde que não sejam articulações artificiais, de colocar nomes em artigos sem ter escrito e sem a mínima competência para tratar de tal assunto. Rose, rapidamente, diz: conheço muita gente que faz isso! Rsrsrs... Marcelo traz um exemplo de um professor que terminou o doutorado na década de 80 e nunca mais tinha publicado nenhum trabalho, mostrando os perigos de tal imobilismo na produção.

Concordamos em reunião que, às vezes, a pesquisa não está suficientemente amadurecida, mas o aluno publica um artigo bem escrito cheio de conjecturas. Estamos em pleno regime da quantidade, esperando que em breve a CAPES resolva analisar o conteúdo produzido pelos acadêmicos desse país, ao invés de se deter apenas em números, que muitas vezes não significam muito. Que deixe de ser quantis e passe a ser qualis, como aparentemente se propõe.

“Estranhos ensinamentos: Nietzsche-Deleuze” , ata 13/05/10 (Clique aqui para ver o texto)


Discussão do texto “Estranhos ensinamentos: Nietzsche-Deleuze”, de Mónica Cragnolini
Playlist: Paulinha porta-curtas: festival Anima mundi: REPETE
Narciso sugere livros de Nietzsche que está à venda nas bancas e o livro “O show do eu: a intimidade como espetáculo” de Paula Sibila.
Inez inicia a reunião perguntando se o texto tem relação com a temática da reunião passada sobre sujeito...que, no a-con-tecer da reunião, acabou ficando em aberto. Em seguida, Narciso indaga: Será que sou Dionísio ou Teseu?  Clivio relaciona o referido texto com a resenha do livro A Elegância do Ouriço, escrita por Inez, explicitando que, durante a leitura do texto, lembrava constantemente do título da resenha: “O sentido do não-sentido.” e menciona que nos entre-lugares também se aprende... Tuca provoca: Por que Estranhos ensinamentos? Inez continua: Mas o que é o estranho? É achar que não há sentido? É desprender-se para constituir-se?? É uma desconstrução para construção de um novo olhar? – E em meio a todos esses questionamentos, Inez continua: O que tem que fazer? É a desconstrução pela desconstrução? Ou tem-se que se olhar a desconstrução para se construir?
Paulinha continua as provocações: “O que é tornar-se o que é? Qual o professor ideal?” Esses questionamentos vieram acompanhados dos ideais de formação do Projeto Irecê. Que imagens e idéias de professores nós temos enquanto acompanhamos os percursos dos cursistas?
Inez: A literatura é recheada dessa coisa do ideal... ou finge não ter essa finalidade mas que, no fundo das aparências, torna-se evidente. Nestes casos, a teleologia (re)aparece... Na perspectiva do tornar-se o que se é, o ideal emerge no cotidiano e não como algo pré-pensado.
Paulinha destaca no texto o trecho “(...) ensina a desaprender todo ensinamento (...)” e Inez recorda de uma tirinha que conta a estória de um taxista chamado Ernesto, que era um fiasco. Ele dizia: “Mamãe sempre me ensinou a não dar carona a estranhos”, no sentido de que o taxista, de fato, nunca desaprendeu os ensinamentos maternos. Rsrs.. Narciso destaca outro excerto: “O difícil agora é perder-me (...)” e também menciona sobre uma disciplina da Faced da profª Mary Arapiraca chamada “O Riso no Currículo”, fazendo menção à importância do riso no lidar com o conhecimento, evitando dogmatizações e fardos; mas alerta que não sabia, por não estar cursando a disciplina, de que forma o riso estava sendo tratado na mesma.
Aqui se inicia um turbilhão de questionamentos provocados pelo texto, começando por Inez: Toda aprendizagem não tem um desaprender? Todo o aprendizado traz um desaprendizado... Silvana completa: ou traz um desapego daquilo que você achava que era certo. Narciso, por sua vez, acrescenta: É desconstruir os conceitos da escola...como muitos fazem quando se aprende matemática na academia... Inez: Mas o esquecer também não deve ser a total negação... Rose entra na jogada: Esquecer está no plano da opacidade... Inez faz um paralelo do ato de esquecer com a revolução ocorrida na educação, com a aproximação dos ideais construtivistas nas escolas, em meados dos anos 90. Narciso reproduz a fala de alguns cursistas: Então tudo que a gente aprendeu estava errado? Paulinha lança: Desaprender necessariamente é esquecer? Então, o que é desaprendizagem? Consideramos que, mesmo não tendo surgido na reunião, a citação abaixo, de Barthes (1997), pode nos ajudar na elucidação destes questionamentos, por isso finalizamos com ela:
"Há uma idade em que se ensina o que se sabe; mas vem em seguida  outra, em que se ensina o que não se sabe: isso se chama pesquisar. Vem talvez agora a idade de uma outra experiência, a de desaprender, de deixar trabalhar o remanejamento imprevisível que o esquecimento impõe à sedimentação dos saberes, das culturas, das crenças que atravessamos. Essa experiência tem, creio eu, um nome ilustre e fora de moda, que ousarei tomar aqui sem complexo, na própria encruzilhada de sua etimologia: Sapientia: nenhum poder, um pouco de saber, um pouco de sabedoria, e o máximo de sabor possível." (BARTHES, 1988, p.45)
Diante disso, Narciso questiona: Será que a teleologia continua? Inez responde: E muito mais forte do que se pode imaginar...
Acompanhem a Próxima reunião!! Discussão dos textos: A MENTIRA DA CULTURA - MONCLAR VALVERDE e o O fetiche de quantidade.
Referência da Citação:
BARTHES, ROLAND.  AULA: AULA INAUGURAL DA CADEIRA DE SEMIOLOGIA LITERÁRIA DO COLÉGIO DE FRANÇA pronunciada dia 7 de janeiro de 1977. Tradução e posfácio de LEYLA PERRONE-MOISÉS. São Paulo: Cultrix, 1988.

Desatando o nó: O SUJEITO, ata 06/05/10



 NÓ: O SUJEITO
Após o playlist de Gilmara ao som do new age de Enya e das sessões de massagens trocadas pelos colegas, voltamos discutir: houve rinha ou não? Segundo comentário de Inez enviado pela lista: “... vou ser voz discordante do grupo que defende que não houve a rinha. Se os discursos não são discordantes no conteúdo, eles são discordantes na ênfase...” Tuca complementa também em comentário virtual: “Mais uma vez não vou rinhar com Inez já que concordo sobre a diferença na ênfase...”. Já na presente reunião, Paulinha defende que a discussão caminhou na linha de pensamento igual, mas com algumas diferenças. Para Marcelo, “ambas pressupunham a existência do sujeito”. Inez nos traz alguns significados dos sujeitos extraídos do dicionário, cujo conceito inicial traduz o termo subalterno, o que diverge da idéia do sujeito “fazedor”. Do dicionário de Filosofia expôs: sujeito considerado enquanto alma solitária; sujeito e objeto; sujeito -objeto ; Com isso resumiu que sujeito é aquele que também se move, não é só o que dá a base. Em seguida, surgiram alguns questionamentos dos demais: Conversar com alguém é conversar com o sujeito? Os memoriais seriam sujeitos da pesquisa? Ou se constrói o sujeito no memorial? Memorial traz fala, mas e o sujeito? O que o faz sujeito da pesquisa? Qual o sujeito da pesquisa? Quem é o sujeito? E comentaram sobre sujeito instituinte e instituído. Inez explana pensamneto de Mafesolli que diz que “a forma é formante” e alguém complementou dizendo que “o sujeito é que se sujeita”. Tuca comenta sobre a nova história e com ela inaugura-se um período de investigação do micro, da curta duração, em contraposição à história econômica e política, cujas estruturas são de longa duração. O fenômeno é analisado a partir dessa guinada da história (história cultural), sem perder de vista a macroestrutura. Aí entra o sujeito, que como Tuca falou não é mais no plural "os estivadores”, mas "fulano de tal, o estivador".  Marcelo falou de Braudel, de sua analogia das lentes (a microscópica e a de aumento), que permite que o pesquisador se afaste e se aproxime de seu objeto. Tuca citou "O queijo e os vermes", pop dos pops da história cultural. Abre parênteses - Para quem não conhece ou leu há muito tempo, Ginzburg conta  as desventuras de Menocchio, moleiro do Friuli, região da Itália, que se vê em apuros graças as ideias que andava espalhando por aí. Ele cria uma cosmogonia própria ao dizer que "o mundo foi feito do mesmo modo como o queijo é feito do leite, e do qual surgem os vermes, e esses foram os anjos". Além de contestar os sacramentos, a virgindade de Maria, e as missas em latim. Tudo isso no sec XVI, tempo da Reforma protestante. A igreja estava às voltas com tanta contestação e heresias. Tudo se complicava mais quando um camponês as proferia. Quando suas idéias chegam aos ouvidos dos inquisitores, ele vai parar no Santo Tribunal e (graças a Deus, ou a igreja, como queiram) temos documentos suficientes para traçar o cenário do mundo em que ele viveu. Micro-história de alta qualidade -Fecha parênteses. Denise informa que queria discutir por que os sujeitos ganham peso nas ciências humanas a partir da segunda metade do século XX...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Se um viajante numa noite de inverno, de Ítalo Calvino

O livro escolhido, através de votação, para discussão de encerramento do semestre do grupo foi:

SE UM VIAJANTE NUMA NOITE DE INVERNO,
DE ÍTALO CALVINO




Então pessoal, vamos iniciar a leitura do mesmo e pontuar os temas para termos uma rica discussão em junho, ok

sábado, 1 de maio de 2010

A rinha que não foi, ata reunião 29/04/10

A reunião do FEP da última quinta feira foi marcada pelas falas concordantes de Tuca e Maria Inez. A princípio se pensou em uma exposição de pensamentos que gerariam uma discussão, mas o que se viu foi um silêncio da maioria dos participantes, que concordaram com a função e importância do sujeito nas teses acadêmicas.

Tuca iniciou a reunião expondo suas preferências quanto a programas de entrevistas e trabalhos acadêmicos que traziam o sujeito bem delineado, tornando o trabalho rico e mostrando a habilidade do entrevistador. Ela trouxe também um exemplo de filme "O fim e o princípio" de Eduardo Coutinho, que segundo ela, é o tipo de obra que deixa evidente o papel e a voz dos sujeitos.

Por fim Inez concordou com suas falas, mas deixou claro que não era esse tipo de sujeito que era visto na maioria dos trabalhos acadêmicos. Foi salientada a necessidade de se preparar o entrevistador para o encontro com seus informantes, de modo a não constrangê-los. Foi falado também da necessidade de se adequar a pesquisa aos dados encontrados, e não querer simplesmente separar o que interessa descartando o que contradiz a tese. Isso é ciência.
 
Houve alguns comentários sobre as cobranças de produtividade e prazos do mestrado e doutorado, que algumas vezes acabam podando os trabalhos, fazendo com que eles se tornem mera obrigação, cumprimento de tabela e aquisição de títulos.Apesar desses comentários, foi ponto pacífico a fala de Inez, que afirma ser esse um dos menores males que temos quanto a pesquisa acadêmica, e que o tempo gasto em sua execução não significa empenho e qualidade no produto final.

Equipe FEP

Programação e produções Fepeanas - Relato 01/10/09

Olá meu povo,

Hoje, sou o relator da nossa reunião! Se Rose estava preocupada em preservar a graciosidade de tal tarefa em nome de Renata, imaginem eu! Todo bruto! rsrsrs...

Vamos ao relato!

Na reunião de hoje, estava prevista a presença de Maurício Mogilka para saciar/alimentar nossas provocações a respeito das contribuições deweyanas sobre experiência. No entanto, o mesmo não pode comparecer, remarcando a sua presença para a próxima semana. Diante da situação, a partir das provocações feitas por Verônica, resolvemos discutir a organização do grupo FEP no que diz respeito à articulação entre os membros do grupo visando a produção.

Discutimos, primeiramente, sobre o site do grupo de pesquisa e ficou confirmado a apresentação dos esboços do site para o dia 15/10/09; responsáveis: Clívio, Ivana e Paulinha. Ainda sobre o site, o grupo firmou o compromisso de pesquisar e enviar links de variados grupos de pesquisas pra nos ajudar com o desenvolvimento dos esboços.

A equipe discutiu também sobre o livro " Formação e..." que foi (ou está) sendo organizado por Marcelo e Catarina e algumas dúvidas surgiram: Conteúdo do livro (se ainda existe espaço para artigos); Temática e etc. Sugerimos, então, que Marcelo disponibilizasse os artigos que já estão prontos para o livro na lista do grupo para nos mobilizarmos a respeito. Ainda sobre este assunto, surge a idéia do grupo assumir uma edição temática da revista da FACED, caso não tenhamos edital de publicação de livros.

Gilmara e Paulinha, tomadas pela animação das discussões (rsrs..), comentaram também sobre a possibilidade do grupo se mobilizar também para o evento em Portugal!!!

Rose Chegou!!! rsrsrs...

E já chegou alertando que o desenvolvimento e manutenção do site deve garantir visibilidade ao grupo de pesquisa. Propomos então, a princípio, colocar um link do site do grupo na página da FACED, para que as pessoas que visitarem a página do PPGE e suas linhas de pesquisa fossem encaminhadas à página do FEP.

Verônica vai ao quadro (depois de um dia de aula...Palavras da própria...rsrs...) e iniciamos a (re)organização do calendário para o final do semestre. (Re)organização, pois, concordamos que a dinâmica adotada não está funcionando muito bem. O calendário proposto ficou da seguinte forma:

08/10 - Maurício Mogilka

15/10 - Esboço do site do grupo de pesquisa (Clívio, Ivana e Paulinha); Posição de tuca sobre a revista da FACED (informações a respeito da publicação dos artigos do grupo); Painel temático sobre experiência (integrantes do grupo que trabalham com este tema em suas pesquisas).

22/10 - Apresentaremos a proposta de evento do grupo FEP; Apresentação de Projeto de Ieda.
29/10 - Experiência Estética em Jauss (Rosane)
05/11 - Apresentação de trabalho (Joselita) obs: Joselita ficou de confirmar...
12/11 - Apresentação de trabalho (Narciso)
19/11 - Apresentação de trabalho (O grupo sugeriu Marcea, mas ainda não confirmamos com ela)
26/11 - Apresentação de trabalho (O grupo sugeriu Marcelo, mas ainda não confirmamos com ele)
03/12 - Confraternização.

Para finalizar sem culpa de ter esquecido algo importante, Morin:

"Todas as percepções são, ao mesmo tempo, traduções e reconstruções cerebrais com base em estímulos ou sinais captados e codificados pelos sentidos. Daí resultam, sabemos bem, os inúmeros erros de percepção que nos vêm dos nossos sentidos e dentre eles, o mais confiável, o da visão."

Beijos e abraços,

Clívio Pimentel Júnior

Experiência de Dewey - Ata 24/09/2009

Estiveram presentes hoje Tininha, Narciso, Paulinha, Fabio, Marcelo, Maiza, Vanessa, Roseli.

Muitas ausências, não? Quase todas justificadas, é bem verdade, mas apesar da qualidade de nossas discussões, sentimos falta de todas/os e chamamos pra pensar no andamento de nossos encontros.

Mas, vamos ao relato. Infelizmente nossa Renatinha não pôde vir hoje, então cuidei eu mesma de fazer isso, correndo o risco de não dar conta do recado de forma tão graciosa.

Continuamos a discutir experiência a partir do texto de Dewey. Fabio puxou as falas questionando a noção de estética e assim fomos puxando interessantes discussões, das quais vão aqui alguns achados:

Experiência é qdo se age e se torna consciente das conseqüências (?), é qdo algo te muda. Ao realizar o experimento, ele retribui sua ação

O sentido não está em mim nem nas coisas, mas na experiência.

Se contrário, fica na essência

Vc faz alguma coisa e essa coisa faz algo a você

Só tem experiência se for significativa, se não for será vivência

Experiência nos leva para o imponderável

Experiência pode ser intencional?

A busca por ela, sim

Ao interpretar a passagem da rolagem das pedras apresentada por Dewey, veio a idéia de que na formação ou no curso das experiências, pensa-se um “alvo” imóvel (seriam as intenções, os objetivos?), mas a experiência se constrói na movência, na errância.

Nesse ponto, Marcelo sugeriu a leitura do poema de Constantino Kabvafis, Ítaca e seguimos nossas discussões, tentando ter uma experiência!

Narciso ainda nos brindou com formulações da linguagem matemática, ou seja, traduziu matematicamente o pensamento de Dewey, para discutir conceitos de acumulação, imanência, experiência encontrados no texto.

Tininha declarou que o texto em estudo não está diretamente ligado a seu objeto de estudos, mas poderá proporcionar experiências.

Viram? Tivemos uma rica discussão. Tivemos experiências?

Marcelo vai entrar em contato com Marcelo Mogilka para agendar o encontro da próxima semana. Até lá. Lembrem-se que para nossos encontros buscamos a totalidade! Bjs. R

Hermenêutica e pesquisa em educação - Ata 07/08/09

Ao som de "Como nossos pais" interpretada por Elis Regina, Iêda iniciou o playlist seguido por "Mulheres de Atenas" de Chico Buarque, finalizando com "Faz parte do meu show" de Cazuza.
Roseli inicia a apresentação falando de Hermes, o Deus mensageiro alado, descobridor da linguagem e da escrita, decifrador e cifrador representando uma figura ambígua com o dom da transmutação, fazendo alusão a imagem de "Exu".
Segundo seu conceito, a hermenêutica seria a arte de interpretar o sentido das palavras, leis e textos, principalmente a decifração e organização dos textos de valor histórico e sagrados (bíblicos), sendo assim, uma doutrina da arte de compreender, segundo Gadamer.
Através da sua triplicidade semântica (dizer, explicar e interpretar) ela nos traz a compreensão em detrimento do esclarecimento e de explicações definitivas. Com isso, traz a vida para a ciência pois, torna-se base da ciência de espírito, o que não está no plano natural. Segundo Heidegger, é o resgate da humanidade, a interpretação como algo estruturante do ser humano, ou seja, interpretar para compreender. Após a explanação, surgiram as provocações seguidas das discussões: "O que é interpretar?"(Verônica); "A interpretação precede a compreensão?"(Tininha); "Pode haver compreensão sem interpretação?"(Márcea); "O mundo já é em si interpretação o tempo todo!"(Marcelo).
Em seguida, Rose nos mostra que a hermenêutica está sendo mais utilizada como uma metodologia, pois as Ciências Humanas passaram a incorporá-la mais. Mais do que isso, segundo Rosane, é uma epistemologia, pois nas palavras de Heidegger: "a hermenêutica é/ou deveria ser a própria filosofia", o q ue foi seguido com uma ratificação enfática de Rose: "Filosofia é fazer hermenêutica!" .
Vimos ainda que a hermenêutica está em toda parte, pois faz com que o sujeito se direcione para prática social para a busca da compreensão e a traga de volta a seu mundo. Com isso, temos a idéia de que estamos a todo momento interpretando coisas.
Com a entrada da Antropologia, houve o enriquecimento da hermenêutica, o que traduz nos dias de hoje uma encruzilhada, fazendo com que todos os caminhos das Ciências Humanas passem pela Antropologia, o que traz um constante debate com outras disciplinas. Logo, em qualquer pesquisa antropológica , há um enfoque hermenêutico. Segundo o próprio Hermes, "o patrono da Antropologia é o Exu".
Através da idéia de compreensão do mundo, vê-se que a hermenêutica não pode ser vista com um enfoque unidisciplinar, pois representa a idéia do ser humano para compreender a maneira pela qual compreende. Surge então um questionamento de Rose: "por que hermenêutica de um currículo?", trazendo à tona discussões sobre currículo, seu fenômeno e processo complexo, que envolve o olhar por óticas distintas percorrendo os caminhos da itinerância e errância, levando-o a compreender por diferentes sistemas de referências e apreendê-lo mais globalmente. Ocasionando assim, na leitura através de linguagens distintas.
Já que "mestre não é quem ensina, mas quem de repente aprende", concluímos portanto que a hermenêutica possibilita a compreensão não por esclarecimento, mas por caminhos tortuosos e até ambíguos, tal qual ratifica a sua triplicidade semântica.

Cinema e literatutra - Ata 04/06/09

Após ouvir diversas canções, estilos de música e sugerir melodias, o playlist desse encontro teve "o dedinho" de várias pessoas do grupo. Na verdade foi um verdadeiro mosaico musical até chegar à escolha, no qual ouvimos desde bandas nacionais até os clássicos de trilhas sonoras de filmes, mas.... a música escolhida foi a da banda tipicamente pernambucana "Cordel do Fogo Encantado". Com seus batuques de maracatus e repiques de tambores a música ecoava pela sala da reunião, nos quais ressoaram mais que a própria voz do cantor, José Paes de Lira, o Lirinha, fazendo menção ao lirismo declamado nos seus poemas em meio a sua cantoria. Tal escolha da banda não foi à toa, pois a mesma surgiu num cenário que mesclavam representações teatrais com os espetáculos musicais. Como nosso bate-papo versa sobre contexto cinematográfico e literário, nada melhor para esse playlist que a música "Anjos caídos (ou A construção do Caos)", trilha sonora do filme "Deus é brasileiro" de Cacá Diegues.

Decorrido o playlist, Fernanda e Renata iniciaram a apresentação falando um pouco sobre o projeto Permanacer e a temática desse encontro, voltado para o universo literário, com a escolha do livro "Os 100 melhores contos brasileiros do século" onde o autor, Ítalo Mariconi, reuniu uma seleção de obras-primas dos mais renomados autores de nossa literatura, como Cecília Meireles, Drumond, Machado de Assis, Monteiro Lobato, Lima Barreto, Graciliano Ramos, Raquel de Queiroz, Clarice Lispecto, Rubens Fonseca dentre outros gênios literários . Tais narrativas remontam épocas e temáticas diversas, desde contos rurais, urbanos, modernos e pós-modernos, nos trazendo inquietações capazes de emocionar e por que não? divertir em meio a narrativas violentas, bucólicas e nostálgicas.

As meninas expuseram suas visões sobre os contos, que focam mais o universo adulto, por conter temáticas como violência, preconceito e morte, e encontraram assim, certa dificuldade na escolha do conto para apresentação ao público infantil, que acontecerá em Irecê, mas se decidiram pela narrativa de "Por um pé de feijão", do autor Antônio Torres.

Inez nos conta sobre a metodologia do Gelit, onde os cursistas fazem a leitura e a narrativa de contos, e quão interessante é essa abordagem feita pelas meninas, através de representação cênica. Em seguida, Fernanda nos mostra um breve sobre a vida e carreira de João Silvério Trevisan, autor do conto escolhido para representação do dia, "Dois corpos que caem". Neste conto, as meninas fizeram a leitura de um diálogo entre dois caras que se encontram no exato momento em que decidiram se suicidar, em plena queda de um dos mais altos prédios do país, no centro de São Paulo. Após apresentação, Paulinha expôs um comentário, abraçado pelos demais que ali estavam, ao dizer que a encenação foi "simples, mas não simplória".

Em seguida, ouvimos um comentário sobre cinema e literatura de Júlio Pimentel, através da gravação de áudio pela Rádio Metrópole, seguidas das discussões do grupo acerca de crítica literária, a importância de se trocar idéias sobre isso, o que faz aumentar o repertório do dito crítico, hábitos de leitura, além da narrativa de contos; Outra questão levantada diz respeito ao não sufocamento da literatura por uma outra linguagem e que existem "n" maneiras de se representar e que a narração de contos é uma delas, o que não permite demasiada superioridade do teatro, pois a literatura tem suas características intrínsecas e marcantes, todavia é interessante e instigante para quem assiste, que o conto narrado apresente as variações de falas que sejam perceptíveis na voz que quem o faz, sem que para isso, a pessoa seja um exímio ator/atriz, mas que sobretudo "incorpore" naquele momento o que o personagem do conto transmite; Com isso, Verônica contou sobre a incerteza que a leitura de um conto comunica, pois acha complicado a sua dramatização, que já não é a mesma visão de criação do autor e sim de quem versa; Tininha complementa ao mencionar que "nosso corpo fala", principalmente quando um professor dá aula, o que norteia a comunicação, mas que também isso ocorre na literatura ao mencionar como exemplo Saramago, que ao escrever sem uma pontuação específica, tenta não induzir o leitor; Alguém acrescentou que ao narrar ou interpretar algo, é impossível você ser imparcial, já tem "um dedo seu ali"; Ísis reflete: "quando você está contando, já não pertence mais a você" e destaca a importância da linguagem oral. Com isso, Marcelo nos lembrou um programa apresentado por Paulo Autran onde este narrava diversos contos, logo representa diversos personagens, traçando assim um "link" com a dramaturgia, ao fazer uma chamada enfática no final, "vamos ao teatro!"; Iêda nos lança um testemunhal com trabalhos que realiza na sua cidade, com seus alunos intitulado "Saco de leitura" e que a atividade ameniza a ausência de uma biblioteca no local, além de incentivar o hábito de leitura através de rodízios de livros entre os alunos. Inez lembrou com isso, que a grande intenção do Gelit é fazer com que os alunos e cursistas se tornem leitores mais assíduos desses gêneros literários, em especial o conto.

Lembrando que na próxima quinta será feriado, então, até o próximo encontro dia 18/06 sobre a obra "A elegância do ouriço" com Inez.

Abçs,

Ivana

Multirreferencialidade: convergências e possibilidades - Ata da reunião 30/04/09

A reunião iniciou com o playlist feito por Marcelo que nos apresentou três músicas: uma de Cartola que fazia referência a imanência, em seguida tocou uma canção de Caetano, Índio, na qual aborda sobre a construção do ser humano, que, segundo Marcelo, está em um dos últimos versos da música. E por fim, ouvimos Metáfora na voz de Gil, que faz menção a poesia e a ciência.
Após o playlist, Gilmara, através de slides, deu início a exposição sobre a temática de Multirreferencialidade. “A fragmentação do conhecimento em disciplina, não dá conta da compreensão mais abrangente do homem” com essa citação, ela comentou sobre a excessiva fragmentação e compartimentalização do ensino. Dessa forma, surgem como propostas de superação dos atuais currículos, tantos nas escolas quanto das IES, a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade. Ao falar da primeira, temos o conhecimento como algo inesgotável, que, na interação de um campo do conhecimento com o outro, ocorre a produção de novos saberes, o que fomenta e incita a abertura de diálogo. E na segunda, citamos Morin, “A idéia de que o conhecimento é limitado não passa de uma idéia limitada. A idéia de que o conhecimento é limitado tem conseqüências ilimitadas.” Assim, todo saber é válido, sem limites ou fronteiras, logo, a discussão emergiu com as crescentes provocações acerca da infinitude do conhecimento e como foi comentado no bate-papo “novos saberes batem á porta”.
Com isso, Marcea nos lembra o comercial da TIM, com o famoso slogan - Viver sem fronteiras – Porém, foi subitamente interrompida por Roseli, que desabafou: “A fronteira da TIM é em Tapiramutá!” rsrs.
Portanto, as propostas de superação de arcaicos (?), estanques e fragmentados currículos pela transdiciplinaridade e multirreferencialidade propõe um diálogo entre os diversos campos do saber.


Até a próxima reunião no dia 07/05 com Roseli e o tema hermenêutica.

EMERGÊNCIA- Ata da reunião de 23/04/09

Vamos emergir!!!

Com essa chamada, Inez deu início a nossa reunião....
O bate-papo se iniciou com a temática que teve como base o livro de Steven Johnson Emergência. Em entrevista ao jornal Folha, Johnson explica o seu conceito: Emergência é o que acontece quando várias entidades independentes de baixo nível conseguem criar uma organização de alto nível sem ter estratégia ou autoridade centralizada. Você pode perceber esse comportamento em várias escalas: na forma como colônias de formigas lidam com o complexo gerenciamento de tarefas sem que haja uma única formiga no comando ou na forma como bairros se formam sem um planejador urbano;
Em continuidade ao tema de Imanência, Inez trouxe à tona a questão do sujeito, através da citação de Foucault para reflexão "... alguns conflitos ideológicos que animam a polêmica atual opõem os fiéis descendentes do tempo aos decididos habitantes do espaço". Com isso, discutimos sobre o sujeito "descendente de um tempo" com alusão a TRANSCEDÊNCIA e o sujeito "habitante do espaço" fazendo menção ao processo de IMANÊNCIA. Em seguida, surgiu a pergunta: quem somos nos? Estamos mais voltados para essa linearidade dos acontecimentos planejados ou quem sabe realizamos atividades simples inconscientemente? Focamos o tempo pré-existente, o tempo presente ou um tempo futuro? Temos sempre a felicidade projetada como algo que está sempre "lá", e quando este "lá" é atingido, ocorre outra projeção futura, em busca de outra conquista. Essa relação tempoXespaço envolve o tempo como idéia de movimento e espaço como algo local, esse tempo cíclico pode ser negado nos tempos da modernidade, todavia nos é remetido no âmbito das datas tradicionais (São João, Páscoa...), é a vida vivida escolar.
Mas, qual a escola que queremos? Com essa pergunta, a discussão relacionou-se aos discursos pedagógicos e qual o real sentido da escola. Mesmo assim, muitos concordaram que estamos impregnados com essas teorias, todavia quando estas não são desse âmago e ocorre à quebra desses paradigmas, as pessoas ficam desnorteadas e descrentes. "O problema não é a contradição, o problema é a inconsistência" (Terezinha Froes), pois, ser inconsistente não é a aniquilar com sua posição, mas saber desconstruir ou reconstruir com assuntos coerentes. Sejamos mais críticos então, traçando os fios da rede da complexidade, em detrimento da previsibilidade linear, como defendem Foucault e Nietzche quando condenam a historicidade das coisas. O que aparenta é que perde-se o sentido de causa e efeito, tão comum entre as pessoas, mas isso só ocorre na teoria, pois não basta levantar causas para atender a demanda e alimentar a quantidade, deve-se trazer a complexidade no sentido neo-positivista, pois quando se mistura na rede, já torna-se o outro. Inez faz uma alusão a infinitude de Aleph no conto de Borges, ao mencionar que, de qualquer ângulo, podem-se ver todos os espaços na idéia de que tudo sempre está presente e que cada um tem visões diferentes das coisas, pois tudo está em tudo, formando um nó na rede. Esse bate-papo fomentou as percepções de cada um sobre a ótica de causa e efeito, o que trouxe para discussão a temática de Marx com as questões: -O trabalho modifica a sociedade?(Roseli); -Vivemos dos efeitos do passado (Marcelo); - Quando entra a dialética nisso?(Tuca) A dialética marxista é transcendental? (Luiza); --nessa, todos concordam!
Em seguida, todos leram um excerto do livro "Cidades invisíveis" de Ítalo Calvino, que narra contos e metáforas sobre cidades que recebem nomes de mulheres e a cidade escolhida foi Berenice. Nessa discussão, vimos que as coisas estão num quadro singular que muitas vezes não tem condição de se repetir, mas quando isso acontece, é sinal que elas emergem, não pela questão de causa e efeito, mas porque estão na rede e fugiu ao controle, logo, o que emerge é caótico, que ocorre não de forma precipitada (pré-existente), mas de maneira emergencial (formação) e essas atualizações trazem novas virtualizações e/ou concretidudes, tal qual a organização num formigueiro descrita por Johnson. Para finalizar, Inez comentou sobre a Pedagogia do A-CON-TECER, que tem a idéia de aproximar e entrelaçar o contemporâneo no processo de ensino-aprendizagem e citou a obra "Fim da modernidade" de Vattimo, relacionada a uma autonomia mais contida como se fosse uma ontologia fraca ou ainda fracamente novo. Enfim, não é somente a educação voltada para a formação do trabalhador e cidadão, mas, sobretudo, tornar-se gente. No encerramento, tivemos um playlist com Narciso ao violão embalando as canções Aquarela (Toquinho) e Segundo Sol (Nando Reis).

Até o próximo encontro,30/04
com Gilmara e o tema:Multirreferencialidade
abçs,
Ivana

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